Eduardo Spohr – Verus Editora – 585pgs.
Resenha:Em A
Batalha do Apocalipse, o autor une o Livro do Gênesis e o Livro do
Apocalípse bíblicos com singular ousadia. Sem ser pedante ou
tendencioso, Eduardo Spohr não se apega ao canone místico, ou
mitológico, da fé cristã para recriar as suas
legiões de anjos, serafins e arcanjos. Despojado de qualquer dogma, vai
além dos conceitos sobre a criação do universo, do nascimento do homem,
do surgimento das civilizações, da missão do Messias, da angeologia, da
demologia e da própria existência de Deus, descritos na Bíblia. Sua obra
transcende o mito, a superstição, as lendas e até mesmo a fé, e desnuda um universo onde o gênero humano não passa de fantoche nas mãos dos ganaciosos arcanjos.
Os arcanjos e anjos da mitologia criada por Sporh
possuem interesses que vão além dos desejos humanos. Os homens, aliás,
são tidos como seres abjetos que merecem e precisam ser exterminados. Os
Arcanjos, invejosos, desalmados, bem que tentam: na expulsão do
Paraíso, no dilúvio, na destruição da torre de Babel, no extermínio das
cidades de Sodoma e Gomorra, além de outras catástrofes devastadoras,
como a destruição da Atlântida e da fabulosa cidade de Enoque. Constantemente
em guerra, os invejosos Arcanjos estão prestes a destruir o universo
para consolidar os seus planos mesquinhos de domínio. No meio desse
embate apocalíptico, surgem heróis de proporções divinas que fariam
Gilgamesh ficar de cabelo em pé e roer as unhas. Ablon, o Primeio
General Renegado, e Shamira, a feiticeira de En-Dor, formam um par de
imortais aguerridos e apaixonados que lutam para salvar a humanidade dos
maléficos arcanjos. Diante do Armagedon, a luta é de uma ferocidade que
me transportou imediatamente às suas fileiras, e, por diversas
passagens marcantes, me senti revestido de couraça
reluzente e içado aos céus em asas igualmente potentes, tamanha é a
empatia que a narrativa nos causa.
Os cenários onde se passam a trama do livro são variados. Temos os Planos Celestes, as profundezas do Inferno, Babilônia, Roma, China, Europa Medieval, Rio de Janeiro, Israel, abarcando uma linha de tempo que remontam aos primórdios da formação do nosso planeta terra. Gostei muito da parte em que Ablon viaja da China para Roma, e de lá para Israel. Toda essa parte é narrada em primeira pessoa, com muita inspiração filosófica e lutas incríveis.
Além de Ablon e Shamira, Eduardo Spohr criou
personagens que transbordam vida, ferocidade, paixão, obstinação,
inveja, ódio, humildade, amor e tenacidade. São tantos, que é impossível
ficar indiferente ao conflito por eles perpetrado no Céu, na terra, ou
mesmo nas masmorras do Inferno. Aliás, por falar no capeta, a descrição
que ele faz do Inferno é apavorante. Uma das melhores que já tive a oportunidade de ler.
Nenhum comentário:
Postar um comentário